terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pernambuco está na lista dos estados que podem receber usina nuclear

Da Redação do pe360graus.com

A Eletronuclear, empresa que administra as usinas nucleares no Brasil, vai fazer estudos, junto com a Comissão Nacional de Energia Nuclear, para escolher o lugar no Nordeste onde vai ser instalada a Central Nuclear. A área de interesse é no litoral entre a Bahia e Pernambuco. A Agência de Desenvolvimento do Governo de Pernambuco já se manifestou favoravelmente à construção das usinas no Estado.

Foi instalado no Recife, um escritório da Eletronuclear. O presidente da empresa, Othon Luiz Pinheiro da Silva, que é responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos da Marinha da Presidência, tirou dúvidas sobre a energia nuclear no Brasil.

De acordo com ele, o local de implantação da Central Nuclear do Nordeste será definido com base em mais de dois mil critérios. “Estamos escolhendo dois locais por estado que sejam absolutamente corretos, estamos verificando para avaliar todas as restrições que podem ter”, afirmou o presidente.

Depois se selecionadas algumas alternativas, a Central Nuclear tem que ser aprovada pelo Congresso Nacional, explica Othon Luiz da Silva. “Temos que dar possibilidades ao Governo de um cardápio de possibilidades”, disse. “Começamos a trabalhar nisso há quase um ano, a localização do escritório é a fase final, temos que fazer levantamentos locais e parte social. O ideal é colocar a central onde provoque o desenvolvimento daquela micro-região”. A lista deve ser apresentada ao Governo até o início do ano que vem.

O presidente da Eletronuclear diz que a usina nuclear é como se fosse uma caldeira. “Mas ao invés de queimar combustível tradicional, queima o combustível nuclear, que tem a vantagem de não gerar gás carbônico”, observa.

Segundo Othon Luiz da Silva, a instalação de uma central gera muito pouco impacto ambiental na área, mas fomenta a economia local e gera novos empregos. “A produção no Nordeste deve gerar de seis a sete mil empregos durante a construção, e no funcionamento normal de uma central como essa, que começa com duas usinas e depois serão até seis usinas, que devão gerar até dois mil empregos diretos”, avalia.

Os nordestinos que vão trabalhar na central precisarão de qualificação. “Vamos estabelecer uma escola técnica próxima ao local, porque além de resolver o problema de mão-de-obra, diminui a rotatividade. Estamos fazendo isso em Angra”, explica. “Para nível superior, teremos três centros, no Rio, SP e estamos fazendo um acordo com a Universidade Federal de Pernambuco. A ideia é formar no Brasil no mínimo 50 mestres nessa ciência por ano”.

ACIDENTE
Apesar dos benefícios, a energia nuclear também gera o temor de acidentes, como o que ocorreu em 1986, na Ucrânia. A explosão da Usina de Chernobyl foi o maior acidente nuclear da história. A nuvem de radioatividade chegou a atingir a União Soviética na época, além de Europa Oriental e Reino Unido.

A temperatura chegou a atingir 200°C. Não se sabe, ao certo, o número de pessoas mortas pelo acidente e pela radiação liberada. Moradores tiveram que abandonar suas cidades. Em dezembro de 2000, depois de várias negociações internacionais, a Usina de Chernobyl foi desativada.

Há duas correntes para tentar explicar o que houve: falha humana e defeito no projeto do reator, especificamente nas hastes de controle. O presidente da Eletronuclear acredita na segunda possibilidade e diz que a central de Chernobyl nunca deveria ter sido instalada. “O reator usava grafite no núcleo, era um tipo de reator diferente e não tinha contenção”, explica. “Em Three Miles Island teve um acidente das mesmas proporções, mas não morreu ninguém, porque a central tinha proteção contra os acidentes”.

O deputado federal Fernando Gabeira, do Partido Verde, acredita que não há grandes preocupações na instalação de novas centrais nucleares. “Na Europa, existe a tendência de aceitar mais usinas nucleares, por causa do aquecimento global, e lá tem pouca água e pouco sol”, comentou. “Mas eu acredito que o caminho do século XXI é energia solar, nas suas várias formas. Acredito que ela vai superar todas as outras formas e em 30 anos isso não será mais uma grande discussão”.

Para Othon Luiz Pinheiro da Silva, o importante é garantir o fornecimento de energia elétrica com o menor impacto ambiental. “A energia nuclear é o ‘filho bastardo dos ambientalistas’, a sociedade brasileira não vai conviver com o resíduo nuclear, é pouco e é estocado, e não polui. Um dia ela será reconhecida”.

O valor estimado de todo o processo de implantação da Central Nuclear do Nordeste gira em torno de R$ 20 milhões. A primeira usina deve começar a ser construídas em 2019, e a segunda, em 2021.

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